O trabalho em altura está entre as atividades com maior índice de acidentes graves e fatais no Brasil. Para mitigar esses riscos, a Norma Regulamentadora nº 35 (NR-35), do Ministério do Trabalho, estabelece diretrizes rigorosas para a execução segura dessas atividades. Parte central dessas exigências é o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) certificados, que devem ser corretamente selecionados, aplicados e inspecionados.
Este guia técnico, desenvolvido pela equipe da Atlas Safe, apresenta uma análise aprofundada sobre os EPIs fundamentais no contexto da NR-35, com foco em cintos, talabartes, trava-quedas e conectores. O objetivo é oferecer uma base sólida para engenheiros de segurança, técnicos de segurança do trabalho e gestores responsáveis pela SST (Segurança e Saúde no Trabalho).
1. Normas Aplicáveis aos EPIs para Trabalho em Altura
O uso de EPIs deve sempre estar ancorado em regulamentações técnicas e legais que assegurem desempenho, confiabilidade e rastreabilidade. No caso de atividades em altura, destacam-se:
1.1 Norma Regulamentadora nº 35 (NR-35)
Estabelece os requisitos mínimos de proteção para trabalhos realizados acima de 2 metros de altura, com risco de queda. Determina que o empregador deve fornecer EPIs adequados, assegurar capacitação, realizar análise de risco e garantir o planejamento das ações preventivas.
1.2 Norma Regulamentadora nº 6 (NR-6)
Regulamenta a obrigatoriedade de fornecimento gratuito de EPIs pelo empregador, além de exigir que todos os equipamentos utilizados possuam Certificado de Aprovação (CA) emitido pelo Ministério do Trabalho.
1.3 Normas Técnicas ABNT relevantes
- ABNT NBR 15836 – Define requisitos de desempenho para cinturões de segurança tipo paraquedista.
- ABNT NBR 14629 – Estabelece critérios para talabartes com absorvedor de energia.
- ABNT NBR 15837 – Classifica os conectores por forma, material e tipo de trava.
- ABNT NBR 15834 – Normatiza os dispositivos trava-quedas deslizantes e retráteis.
Essas normas garantem que os equipamentos atendam a requisitos mínimos de resistência, durabilidade, ergonomia e desempenho em situações de queda.
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2. Classes Técnicas de EPIs: Cintos, Talabartes, Trava-Quedas e Conectores
Para garantir a correta aplicação dos EPIs em sistemas de proteção individual contra quedas, é essencial compreender a classificação técnica de seus componentes. A seguir, são detalhadas as principais classes de conectores utilizadas em sistemas de retenção e posicionamento.
2.1 Conectores de EPI: Função e Importância
Conectores são componentes metálicos usados para unir elementos de um sistema de segurança, como talabartes, cintos, ancoragens ou dispositivos trava-quedas. Devem apresentar características como resistência mecânica, sistema de travamento seguro e compatibilidade com os demais equipamentos.
A escolha incorreta de um conector pode comprometer toda a integridade do sistema, tornando-se um ponto crítico de falha.
2.2 Classificação por Classe
Classe A
Conectores robustos, com abertura de segurança ampla e sistema de trava automática. São utilizados em sistemas de ancoragem estrutural. Comuns em talabartes duplos para movimentação horizontal.
Exemplo: Conectores de alumínio com abertura de 110 mm e dupla trava.
Classe B
Conectores com menor abertura e corpo mais compacto, utilizados para conexão direta entre talabarte e cinturão ou entre cinto e trava-quedas.
Exemplo: Conector de aço com abertura de 15 mm, com trava manual ou automática.
Classe T
Conectores usados como terminais de ligação. Com foco em segurança, são aplicados em estruturas metálicas, torres e postes. Possuem geometria que favorece encaixe em pontos estreitos.
Exemplo: Conector em aço com dupla trava e corpo simétrico.
Classe Q
Conectores ovais com fechamento por rosca (malha rápida). São recomendados para sistemas de ascensão, descensão e para interligação de equipamentos acessórios.
Exemplo: Malha rápida de aço zincado com rosca de segurança.
2.3 Tipos de Trava
- Trava simples: acionamento único para abertura.
- Trava dupla: requer dois movimentos simultâneos para abertura (ex: puxar e girar).
- Trava giratória: impede abertura acidental por torção, ideal para movimentação em áreas com rotação corporal.
- Trava de rosca (Q): exige aperto manual, ideal para conexões permanentes.
3. Uso Técnico dos EPIs em Altura
Cada equipamento possui função específica dentro do sistema de proteção contra quedas. A seguir, detalhamos suas aplicações, cuidados e orientações de uso.
3.1 Cinturão de Segurança Tipo Paraquedista
Equipamento essencial para retenção de quedas, distribui a força de impacto de forma segura pelo corpo do trabalhador. Deve conter:
- Ponto dorsal para conexão com trava-quedas.
- Pontos laterais para uso com talabartes de posicionamento.
- Fechos de ajuste na região torácica e pélvica.
- Estrutura acolchoada e ergonômica (opcional, para longos períodos de uso).
- Etiqueta com CA visível e legível.
Aplicação: Deve ser utilizado em todas as atividades com risco de queda. O ajuste deve ser firme, sem folgas, e deve permitir movimentação sem comprometer a circulação.
3.2 Talabartes com Absorvedor de Energia
São dispositivos que conectam o cinturão ao ponto de ancoragem, com a função de absorver parte da energia gerada na queda, reduzindo o impacto sobre o corpo.
Tipos:
- Talabarte Simples: para movimentação vertical (ex: escadas marinheiro).
Limite de comprimento: 2 metros, incluindo absorvedor. - Talabarte Duplo (Y): para transições seguras entre ancoragens em linhas horizontais.
Vantagem: sempre mantém pelo menos um ponto de ancoragem conectado. - Talabarte de Posicionamento: permite fixação lateral em estruturas, deixando as mãos livres.
Atenção: não possui absorvedor e não pode ser usado para retenção de queda.
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Todos os talabartes devem atender à NBR 14629 e ter CA válido.
3.3 Dispositivos Trava-Quedas
Projetados para bloquear o movimento em caso de queda súbita, complementam o sistema de retenção.
- Trava-quedas deslizante em linha vertical : move-se livremente ao subir e descer, freando automaticamente com aceleração abrupta. Usado em cabos de aço ou cordas fixas.
- Trava-quedas retrátil (tipo retrator): permite grande mobilidade em áreas horizontais e verticais, com freio centrífugo interno.
Requisitos técnicos :
- Devem estar posicionados acima do ponto de ancoragem do cinturão.
- Exigem inspeção periódica por profissional qualificado.
- A carcaça deve conter etiqueta com CA, número de série e data de fabricação.
4. Inspeção, Certificação e Controle de EPIs
Todos os EPIs devem possuir Certificado de Aprovação (CA) válido. Esse certificado assegura que o equipamento passou por testes de resistência e durabilidade segundo as normas técnicas brasileiras ou internacionais.
O empregador deve:
- Registrar e controlar o uso de cada EPI por colaborador.
- Manter histórico de inspeções visuais e funcionais.
- Substituir equipamentos desgastados ou vencidos.
- Proibir o uso de EPIs sem CA, com danos ou fora da especificação da atividade.
A rastreabilidade por setor, colaborador e lote é essencial para a conformidade em auditorias de SST e fiscalizações do Ministério do Trabalho.
5. Capacitação para Uso de EPIs
A NR-35 determina que nenhum trabalhador pode atuar em altura sem capacitação específica. A formação deve incluir:
- Fundamentos da NR-35 e normas complementares.
- Identificação de riscos e análise de tarefas.
- Técnicas de inspeção, uso e ajuste dos EPIs.
- Procedimentos de ancoragem e movimentação.
- Simulações de emergência e resgate.
- Responsabilidades legais e administrativas.
Carga horária mínima: 8 horas.
Periodicidade: reciclagem a cada 2 anos ou em caso de:
- Mudança de função;
- Retorno após afastamento superior a 90 dias;
- Ocorrência de acidente relacionado à altura.
Conclusão
A segurança no trabalho em altura não é uma responsabilidade opcional, mas uma exigência legal. Garantir que todos os trabalhadores estejam equipados com EPIs adequados, certificados e em bom estado é fundamental para reduzir acidentes, preservar vidas e garantir a conformidade com a NR-35.
Mais do que cumprir normas, investir em EPIs de qualidade é um compromisso com a integridade física dos profissionais e com a reputação da empresa. Isso inclui também o planejamento de treinamentos consistentes, rotinas de inspeção e atualização constante dos protocolos de segurança.
A Atlas Safe é especialista na proteção em altura, atuando com excelência na instalação de linhas de vida, pontos de ancoragem certificados e no fornecimento de EPIs homologados. Fornecemos EPIs certificados, com suporte técnico especializado, consultoria em conformidade normativa.
Entre em contato com nossa equipe e descubra como podemos ajudar sua empresa a atuar com segurança, eficiência e responsabilidade.

