Entenda tudo sobre talabarte de trabalho em altura

1. Conceito, tipos e aplicações do talabarte de trabalho em altura

1.1 O que é o talabarte de trabalho em altura

O talabarte de trabalho em altura é um elemento de conexão essencial dentro de um sistema de proteção individual contra queda (SPIQ), conectando o cinturão de segurança tipo paraquedista ao ponto de ancoragem. É importante destacar que o talabarte não é considerado um Equipamento de Proteção Individual (EPI) isolado pelo Ministério do Trabalho, o que possui CA (Certificado de Aprovação) é o cinturão, mas ainda assim desempenha papel imprescindível para retenção e posicionamento seguros durante atividades em altura.

Conforme a ABNT NBR 16489, o dispositivo é classificado como elemento de conexão de SPIQ, sendo obrigatório respeitar a compatibilidade técnica entre cinturão e talabarte, e utilizar apenas conforme indicado pelo fabricante.

1.2 Tipos de talabarte de trabalho em altura

A escolha adequada do talabarte de trabalho em altura depende da natureza da atividade, exigência de mobilidade e requisitos normativos. Os principais tipos são:

Talabarte único (simples)

Equipado com um único gancho e absorvedor de energia, é indicado para atividades de mobilidade limitada. Ideal para retenção de queda com um único ponto de ancoragem, oferecendo proteção eficiente e uso simplificado.

Talabarte duplo em Y

Possui duas pernas conectadas ao cinturão com absorvedor de impacto integrado, permitindo progressão contínua com troca alternada de ancoragens. É útil em deslocamentos verticais e horizontais, mantendo sempre uma das pontas conectada.

 

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Talabarte de posicionamento

Utilizado para estabilização, sem absorvedor de energia, não serve para retenção de queda, sendo necessário combinar com um talabarte de retenção ou trava‑quedas. Comum para eletricistas ou técnicos que realizam tarefas com as mãos livres.

Talabarte ajustável

Possui regulagem manual de comprimento, normalmente utilizado em tirolesas e situações específicas, mas não indicado como talabarte primário para retenção de queda regular.

Talabarte de retenção com absorvedor de energia

Desde a Portaria nº 11.347/2020, qualquer talabarte de trabalho em altura usado para retenção de queda deve obrigatoriamente ter absorvedor de energia integrado, conforme ensaio previsto na norma ABNT NBR 14629.

2. Requisitos técnicos específicos

2.1 Absorvedor de energia

Conforme a Portaria SEPRT nº 11.347/2020, é obrigatório que os talabartes para retenção de queda sejam dotados de absorvedor de energia integrado, ensaiado de acordo com a norma técnica ABNT NBR 14629.

O absorvedor de energia é um componente ou elemento de um sistema anti quedas projetado para dissipar a energia cinética desenvolvida durante uma queda, reduzindo os esforços transmitidos ao trabalhador e aumentando a segurança.

2.2 Conectores (mosquetões)

Os conectores utilizados no talabarte devem atender à norma ABNT NBR 15837, que especifica os requisitos, métodos de ensaio, marcação e manual de instruções para os conectores de equipamentos de proteção individual para trabalhos em altura. Essa norma classifica os conectores em cinco tipos:

  • Classe B: conector básico de fechamento automático, destinado a ser utilizado como componente. 
  • Classe M: conector multiuso, básico ou de elo rápido, destinado a ser utilizado como componente e que pode ser aplicado conforme seu maior ou menor eixo. 
  • Classe T: conector terminal de fechamento automático, concebido como elemento terminal de um subsistema, permitindo a fixação em uma única direção. 
  • Classe A: conector de ancoragem de fechamento automático, destinado a ser utilizado como componente e concebido para ser unido diretamente a um tipo específico de ancoragem. 
  • Classe Q: conector de elo rápido, destinado a ser utilizado em aplicações a longo prazo ou permanentes, cujo fechamento é obtido por um fecho de rosca.

Além disso, os conectores devem possuir resistência mecânica adequada para suportar os esforços em caso de queda, conforme especificado na norma.

3. Seleção e compatibilidade do talabarte de trabalho em altura

3.1 Compatibilidade com cinturão e outros dispositivos

A NR‑35 e a portaria técnica exigem que o talabarte de trabalho em altura seja compatível com o cinturão tipo paraquedista usado, tal como especificado no Certificado de Aprovação (CA) do cinturão. Isso assegura integração técnica entre os dispositivos.

Aliás, o empregador deve fornecer equipamentos compatíveis dentro do mesmo sistema, cinturão, talabarte com absorvedor e eventual trava-quedas, assim garantindo eficiência em caso de queda.

3.2 Critérios de seleção

Para escolher um talabarte de trabalho em altura adequado deve-se considerar:

  • Tipo (único ou duplo em Y) conforme movimentação exigida. 
  • Presença de absorvedor de energia. 
  • Comprimento compatível com atividades previstas. 
  • Classe e tipo de conectores. 
  • Certificação conforme normas técnicas e CA do cinturão. 
  • Modelo indicado para retenção de queda, não apenas restrição ou posicionamento
  1. Inspeção, uso e manutenção do talabarte de trabalho em altura

4.1 Inspeção antes do uso

A inspeção do talabarte deve ser realizada antes de cada uso, visando garantir a segurança do trabalhador. É essencial verificar:

  • Integridade da fita ou corda: Buscar sinais de desgaste, cortes ou abrasões que possam comprometer a resistência do material. 
  • Ausência de costuras rompidas: Verificar se todas as costuras estão intactas, especialmente nas áreas de maior tensão. 
  • Conectores livres de corrosão: Inspecionar mosquetões e outros conectores para garantir que estejam funcionando corretamente e sem sinais de corrosão que possam afetar sua resistência. 
  • Absorvedor de energia sem sinais de ativação ou deformação: Confirmar que o absorvedor de energia não apresenta sinais de uso ou danos que possam comprometer sua eficácia em caso de queda. 

A NR-35 enfatiza a importância da inspeção dos sistemas de ancoragem, que inclui os talabartes, sendo que a inspeção periódica deve ser efetuada de acordo com o procedimento operacional previsto, respeitando as instruções do fabricante e as normas aplicáveis.

4.2 Manutenção e troca

Apesar de o talabarte não possuir Certificado de Aprovação (CA) próprio, ele é considerado um componente essencial do Sistema de Proteção Individual contra Quedas (SPIQ). Portanto, sua manutenção é fundamental para garantir a segurança do trabalhador.

  • Danos físicos ou ativação do absorvedor de energia: Qualquer dano físico visível ou ativação do absorvedor de energia indica que o talabarte não está mais em condições ideais de uso e deve ser retirado de circulação imediatamente. 
  • Avaliação técnica: Após a detecção de danos ou ativação, o talabarte deve ser encaminhado para avaliação técnica por profissional qualificado, que determinará se é possível reparar ou se a substituição é necessária. 
  • Substituição preventiva: Além de substituir talabartes danificados, é recomendada a substituição preventiva conforme os prazos estipulados pelo fabricante, mesmo na ausência de danos visíveis. 

A NBR 16489, que trata dos sistemas e equipamentos de proteção individual para trabalhos em altura, orienta sobre a seleção, uso e manutenção desses equipamentos, destacando a importância da manutenção regular para garantir a segurança do trabalhador.

5. Erros comuns no uso do talabarte de trabalho em altura

5.1 Uso inadequado nos modos de movimentação

O principal erro envolvendo o talabarte de trabalho em altura é utilizá-lo fora da finalidade técnica:

  • Usar talabartes sem absorvedor para retenção de queda, o que pode causar forças > 6 kN no corpo em um impacto (fator de queda 2). 
  • Conectar talabarte de posicionamento para retenção pura, sem o absorvedor adequado, elevando o risco técnico de falha. 

5.2 Instalação fora da compatibilidade

Erro comum é usar talabartes não homologados com o cinturão ou usar ajustes não permitidos, o que pode ocasionar falhas nos testes de resistência ou falta de conformidade técnica.

  1. Boas práticas operacionais para uso de talabarte de trabalho em altura

6.1 Técnicas de movimentação seguras com talabarte

A movimentação segura durante o trabalho em altura é essencial para prevenir quedas e garantir a integridade do trabalhador. Algumas práticas recomendadas incluem:

  • Evitar desconectar ambos os ganchos ao trocar de ponto: sempre conecte um gancho antes de soltar o outro, garantindo que o trabalhador esteja sempre ancorado. 
  • Utilizar talabartes duplos em Y em linhas de vida: esses modelos permitem que o trabalhador mantenha pelo menos um ponto de ancoragem conectado durante o deslocamento, aumentando a segurança.

 

  • Realizar movimentações com suavidade e coordenação: evitar balanços excessivos ao trocar de linha ou ponto de ancoragem, o que pode aumentar o risco de quedas ou lesões. 

Essas práticas são fundamentais para manter a segurança durante as atividades em altura e estão alinhadas com as diretrizes da NR-35 .

6.2 Armazenagem e conservação

A correta armazenagem e conservação dos talabartes são essenciais para garantir sua durabilidade e eficácia. Algumas orientações incluem:

  • Armazenar em local limpo, seco e ventilado: evitar ambientes úmidos ou com calor excessivo, que podem comprometer a integridade dos materiais. 
  • Proteger as pontas dos conectores: evitar contato com superfícies cortantes ou abrasivas que possam danificar os conectores. 
  • Limpeza periódica: realizar a limpeza com pano úmido, sem substâncias agressivas, para preservar a integridade do absorvedor de energia e da fita. 

Essas práticas ajudam a manter os talabartes em condições adequadas de uso, conforme as recomendações de fabricantes especializados.

8. Conclusão e recomendações finais

Em conclusão, o talabarte de trabalho em altura é componente central nos sistemas de retenção de queda exigidos pela NR‑35. Seja na forma simples ou em Y, com absorvedor de energia, sua correta seleção, compatibilidade com cinturão, manutenção e uso técnico adequado são requisitos essenciais para garantir segurança eficaz.

Reforçamos que o uso combinado de talabarte, cinturão tipo paraquedista e trava‑quedas retrátil forma o Sistema de Proteção contra Quedas individual (SPIQ), cuja integração técnica e conformidade normativas são imprescindíveis.

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