Checklist Completo de Pontos de Ancoragem NR 35 e NR 18 (2025)

O que é um ponto de ancoragem NR 35 ?


Um ponto de ancoragem, segundo a NR 18, NR 35 e a NBR 16325, é um componente do sistema de proteção contra quedas que tem como função suportar e distribuir a força resultante de uma possível queda de altura. Ele é fixado diretamente na estrutura resistente da edificação — como vigas de concreto, aço ou alvenaria estrutural — e deve ser projetado para atuar como base de conexão segura para EPIs como talabartes trava quedas retrátil, linhas de vida fixas ou linhas de vida transportáveis. 

Diferente de um simples ponto de amarração, o ponto de ancoragem deve:

  • Ser projetado por engenheiro habilitado com análise estrutural da superfície de fixação.
  • Suportar esforços de até 15 kN (1500 kgf) sem deformação permanente, em conformidade com as normas técnicas.
  • Ter resistência proporcional ao número de usuários simultâneos, geralmente 1 ponto por trabalhador.
  • Estar identificado, documentado e rastreável (com CNPJ fabricante, tipo de material, resistência mecânica, capacidade de pessoas, pictograma de “leia manual” e demais outras identificações).

Importante: A simples presença de um gancho, olhal ou parafuso preso em uma estrutura não o caracteriza como ponto de ancoragem. Ele precisa ser dimensionado, testado e registrado, conforme legislação vigente. Qualquer falha nesse componente pode comprometer todo o sistema de proteção e colocar vidas em risco.

Além disso todo Ponto de Ancoragem deve ser instalado e dimensionado por Profissional Legalmente Habilidade (PLH), que no geral são Engenheiros Civis, Mecânicos, Marítimos e Aeronáuticos. 

 

 

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Normas obrigatórias para pontos de ancoragem

 

A instalação de pontos de ancoragem não é apenas uma recomendação técnica — ela é obrigatória por lei em diversos contextos. A legislação brasileira estabelece critérios rigorosos para garantir que qualquer sistema de proteção contra quedas seja confiável, testado e dimensionado conforme o ambiente e tipo de trabalho em altura.

A seguir, conheça as principais normas que regem os pontos de ancoragem:

NR 35 – Trabalho em Altura

A Norma Regulamentadora nº 35 é a base legal que estabelece os requisitos mínimos de proteção para o trabalho realizado em alturas superiores a 2 metros, onde haja risco de queda. Ela determina que:

Todo ponto de ancoragem deve ser projetado, instalado e inspecionado por um profissional legalmente habilitado, garantindo conformidade técnica e estrutural. O sistema precisa suportar, no mínimo, uma força de 1.500 kgf (15 kN) por usuário, conforme previsto em norma. Além disso, é obrigatório dispor de documentação completa, incluindo projeto técnico, ART, laudo de carga e manual de uso. Os pontos devem estar visivelmente identificados, com rastreabilidade individual para facilitar inspeções e manutenções futuras.

“Ponto de ancoragem é obrigatório na NR 35?”

Sim. A NR 35 exige ponto de ancoragem sempre que há risco de queda.

 

NR 18 – Indústria da Construção

A NR 18, voltada ao setor da construção civil, traz exigências adicionais. Desde sua atualização, ela determina que:

  • Edifícios com mais de 4 pavimentos ou altura superior a 12 metros devem conter pontos de ancoragem fixos permanentes.
  • Os pontos devem permitir o uso desde a fase de obra até a manutenção do prédio já finalizado .
  • Devem ser projetados junto com a estrutura, e integrados ao planejamento do canteiro de obras e ao PCMAT/PGR.

“Quantos metros para ponto de ancoragem ser obrigatório?”
A partir de 12 metros de altura ou 4 pavimentos, conforme a NR 18.

 

NBR 16325-1 e NBR 16325-2 – ABNT

As normas técnicas NBR 16325-1:2024 e NBR 16325-2:2024 detalham os critérios técnicos para fabricação, desempenho e testes dos sistemas de ancoragem.

  • Parte 1: Classificação dos tipos de pontos (A, B, C, D e E), requisitos de desempenho e condições de instalação.
  • Parte 2: Procedimentos para ensaios de tração, carga estática, impacto e resistência à corrosão.

Elas definem os critérios mínimos para que os pontos resistam a quedas reais e simulações em laboratório, sendo essenciais para a validação do sistema de ancoragem.

Tipos de ponto de ancoragem para trabalho em altura

A escolha do tipo adequado de ponto de ancoragem é uma etapa crítica no planejamento de qualquer trabalho em altura. Cada tipo possui especificações técnicas distintas, determinadas pela estrutura onde será fixado, pela natureza da atividade e pelo número de usuários simultâneos. Abaixo, você encontra os principais tipos usados na prática profissional:

Ponto de ancoragem fixo

Trata-se de um dispositivo instalado permanentemente na estrutura da edificação, geralmente em concreto armado, vigas metálicas ou alvenaria estrutural. É ideal para ambientes com necessidade recorrente de acesso, como fachadas de edifícios, telhados e estruturas industriais.

  • Vantagem: alta resistência e durabilidade
  • Exigência legal: obrigatório para o trabalho realizado em alturas superiores a 2 metros (NR35) e conforme NR 18 em prédios com mais de 12 metros de altura.
  • Instalação: com chumbadores químicos e ART

Ponto de ancoragem temporário

Utilizado em tarefas pontuais, o ponto de ancoragem temporário é removido após o uso. Pode ser instalado em estruturas como vigas metálicas ou escadas industriais.

  • Vantagem: mobilidade e custo reduzido em obras pequenas
  • Exemplos: tripés, cintas de ancoragem, ancoragens em estruturas metálicas tubulares
  • Cuidados: verificação da resistência da superfície e fixação adequada

Ponto de ancoragem horizontal


É um sistema contínuo ou em linha reta que permite a movimentação lateral do trabalhador, mantendo-o ancorado durante deslocamentos em passarelas, telhados ou vigas.

  • Composição: cabo de aço inox ou trilhos rígidos com absorvedores de energia
  • Indicado para: áreas extensas como galpões, fachadas ou pontes rolantes
  • Importante: exige cálculo de deflexão para evitar queda por folga excessiva

Ponto de ancoragem vertical

Projetado para deslocamentos verticais, como em escadas marinheiro, torres ou poços técnicos. Funciona com trava-quedas deslizante, preso a um cabo guia ou trilho fixado verticalmente.

  • Uso comum em: torres de telecomunicação, silos, elevadores de carga
  • Atenção: o sistema deve prever zona livre de queda e dissipador de energia

Ancoragem individual ou coletiva

  • Individual: destinado ao uso exclusivo de um único trabalhador.
  • Coletivo: deve ser dimensionado para atender dois ou mais usuários simultaneamente, com reforço estrutural proporcional.
  • Importante: cada usuário deve ter conexão independente com absorvedor de impacto próprio.

Instalação: análise estrutural e escolha do chumbador

A instalação de pontos de ancoragem exige muito mais do que perfurar e fixar um dispositivo. Para garantir a segurança estrutural e atender às exigências da NR 35, NR 18 e NBR 16325, é necessário realizar uma análise técnica detalhada do substrato e utilizar o tipo de chumbador mais adequado ao cenário da obra ou manutenção.

Verificações obrigatórias antes da instalação

  1. Tipo de estrutura base
    Avaliar se a superfície é de concreto armado, metálica ou alvenaria. Essa informação define o método de ancoragem e os componentes viáveis para fixação.
  2. Resistência à compressão e integridade estrutural
    Verificar a resistência do concreto (mínimo 25 MPa recomendado), existência de fissuras, trincas, corrosão ou elementos ocos, o que pode comprometer a eficácia da ancoragem.
  3. Profundidade mínima da fixação e zona de escape
    Calcular a profundidade mínima de ancoragem conforme a carga exigida e garantir que não existam interferências (como armaduras passivas ou conduítes).
  4. Análise estrutural com cálculo de carga admissível
    O dimensionamento da ancoragem deve ser feito por engenheiro habilitado, com base na carga de ruptura exigida e no tipo de esforço predominante (cisalhamento, tração ou combinado).

Tipos de chumbadores para pontos de ancoragem

Chumbador Mecânico

  • Funcionamento: fixação por expansão interna ao aplicar torque.
  • Indicado para: concreto não fissurado, seco e com resistência uniforme.
  • Vantagens:
    • Instalação rápida
    • Liberação imediata para uso
    • Custo mais acessível
  • Desvantagens:
    • Sensível a vibrações e fissuras
    • Não recomendado para cargas dinâmicas ou estruturas comprometidas

Chumbador Químico

  • Funcionamento: fixação via resina epóxi, poliéster ou viniléster injetada no furo antes da inserção do vergalhão ou barra roscada.
  • Indicado para: concreto fissurado, úmido ou situações com carga crítica.
  • Vantagens:
    • Alta resistência à tração e cisalhamento
    • Adere bem em concretos danificados ou com irregularidades
    • Menor risco de explosão do substrato
  • Desvantagens:
    • Requer tempo de cura (até 24h dependendo do produto)
    • Custo mais elevado
    • Precisa de controle rigoroso na aplicação (tempo, temperatura, mistura)

Considerações práticas para instalação segura

 

  • Sempre utilize broca e furação compatíveis com o tipo de chumbador.
  • Respeitar o torque indicado pelo fabricante (em chumbadores mecânicos).
  • Usar soprador e escova para limpeza do furo antes da injeção da resina (em chumbadores químicos).
  • Registrar cada ponto instalado com foto, código de rastreio e localização no projeto executivo.

 Testes de carga obrigatórios

A execução de testes de carga em pontos de ancoragem é uma exigência crítica para comprovar a resistência real do sistema instalado. Esses testes garantem que o ponto possa suportar os esforços gerados em uma queda, mesmo sob condições adversas, como deformações, vibrações ou degradação da estrutura ao longo do tempo.

 

Os testes devem ser sempre aplicados em situações de instalações em concreto devido às variáveis que possam ocorrer com a mistura do bi-componente (chumbador químico) ou concreto com baixa resistência. 

Documentação exigida por lei

A documentação técnica dos pontos de ancoragem é obrigatória e precisa estar disponível para auditorias, inspeções de segurança e atualização do PGR ou PCMAT. Além de comprovar a conformidade com a NR 35, essa documentação garante rastreabilidade e responsabilidade legal sobre o sistema de ancoragem instalado.

Itens obrigatórios que compõem a documentação:

  • Projeto técnico
    Deve apresentar a especificação do ponto de ancoragem, memória de cálculo estrutural, localização exata, tipo de fixação (químico ou mecânico), e definição de carga admissível.
  • ART (Anotação de Responsabilidade Técnica)
    Documento obrigatório que vincula a responsabilidade do engenheiro ao projeto, instalação ou inspeção dos pontos de ancoragem. Deve ser emitida no sistema do CREA, identificando o serviço prestado e o local da obra.
  • Manual de instalação e uso
    Fornecido pelo fabricante ou integrador, este manual descreve os procedimentos de instalação correta, limitações de uso, manutenção periódica e recomendações de inspeção.
  • Laudo técnico com testes de carga e ensaios estruturais
    Documento que comprova, por meio de registros técnicos e fotográficos, a execução dos testes conforme as normas aplicáveis. Deve incluir metodologia, equipamentos utilizados, condições do ensaio e resultados finais.
  • Registro de inspeções periódicas
    Documento de controle que registra todas as inspeções realizadas (mensal, anual, pós-queda), incluindo observações técnicas, substituições de peças, ou qualquer intervenção que altere o sistema.

Nota técnica: A falta de qualquer um desses documentos pode configurar não conformidade grave, passível de interdição da obra, autuações pelo MTE e responsabilização civil em caso de acidentes.

 

Capacitação e uso correto

A eficácia de qualquer ponto de ancoragem depende diretamente do uso correto por parte do trabalhador. Por isso, a capacitação constante e prática é essencial, conforme prevê a NR 35.

O que é recomendável:

  • Treinamento NR 35 obrigatório
    Todos os trabalhadores que atuam em altura devem passar por capacitação teórica e prática, com carga horária mínima definida pela norma. O treinamento deve ser reciclado periodicamente.
  • Simulações práticas realistas
    Ensinar como se ancorar corretamente, como usar linhas de vida horizontais/verticais, como reconhecer falhas no EPI e como reagir em situações de emergência (ex: suspensão inerte).
  • Uso correto dos EPIs
    É indispensável saber manusear cinturão tipo paraquedista, talabarte com absorvedor de energia, trava-quedas retrátil e conectores de dupla trava. A ausência de qualquer desses componentes invalida o sistema de proteção.
  • Orientação sobre zonas de queda
    O trabalhador deve ser treinado a reconhecer e calcular zona livre de queda, entender o fator de queda, e saber interpretar os riscos do deslocamento lateral ou vertical.

Dica prática: Um colaborador treinado não apenas se protege melhor, como também identifica falhas no ambiente de trabalho, tornando-se parte ativa da prevenção de acidentes.

 

Conclusão

Implementar pontos de ancoragem não é apenas uma exigência legal, mas um compromisso direto com a preservação da vida. Um sistema mal dimensionado, instalado de forma incorreta ou mal utilizado pode ser fatal.

Em altura, o erro é sempre para baixo. Invista em estrutura, treinamento e responsabilidade técnica. Um bom ponto de ancoragem não é visível à distância, mas faz toda a diferença quando a queda acontece.

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